segunda-feira, maio 21, 2012

Visita de estudo a Tomar - Convento de Cristo

Recepção pela Dra. Ana Carvalho Dias, Directora do Convento de Cristo

No dia 28 de Maio um grupo de ex- deputados da AEDAR deslocou-se a Tomar a convite do nosso associado José Ribeiro Mendes.

O dia iniciou-se com uma visita ao Convento de Cristo, na qual tivemos a oportunidade de ter a Directora do Convento, Dra. Ana Carvalho Dias, como guia deste grupo de ex - deputados. Nesta visita tivemos oportunidade de conhecer os pormenores do Convento e a sua história.


Recepção dos ex- deputados no Claustro da Micha

O Convento de Crsito está integrado no Castelo e  foi construído a partir da Charola so século XII. O Convento deu abrigo à Ordem de Cristo a partir do séc. XIV. Este edifício encerra memórias de figuras incontornáveis da nossa História como o Infante D. Henrique , que mandou construir dois claustros, para além da sua própria residência. Do tempo de D. Manuel I e do seu filho D. João III , que se tornou rei de Portugal nas cortes de Tomar , mandou concluir o claustro principal e levou a cabo outras obras como o Aqueduto de Pegões.


Pormenor da calçada antiga no Claustro da Micha

Segundo a história Tomar nasce com o castelo (1 de Março de 1160), cuja construção, pela Ordem dos Templários, bem como a da Vila de Baixo, se prolongou por 44 anos. No século XIV, com a permanência do Infante D. Henrique enquanto Administrador da Ordem de Cristo, a Vila beneficia de grande desenvolvimento.


Fornos



Claustro da Micha junto a reservatório de água

No período da dominação filipina, os Reis espanhóis investem em Tomar: obras do Claustro Principal do Convento e Aqueduto dos Pegões, bem como a criação da ainda existente Feira de Santa Iria. Mais tarde, na sequência da visita da Rainha D. Maria II, Tomar foi elevada à categoria de Cidade em 1844, a primeira do Distrito de Santarém.




Refeitório dos Frades


Adega do azeite



Adega do azeite


Em 1983, a UNESCO reconheceu o conjunto Castelo Templário-Convento de Cristo como Património Mundial e no início dos anos 90 deram-se os primeiros passos para a recuperação e consolidação do Centro Histórico.

Pertencente na sua origem à Ordem dos Templários, fundado em 1160 pelo Grão-Mestre dos Templários, Dom Gualdim Pais, o Convento de Cristo ainda conserva recordações desses monges cavaleiros e dos herdeiros do seu cargo, a Ordem de Cristo, os quais fizeram deste edifício a sua sede.



Refeitório dos Frades



Escudo de D. Manuel no Refeitório dos Frades


Refeitório dos Frades

Sob Infante D. Henrique o Navegador, Mestre da ordem desde 1418, foram construídos claustros entre a Charola e a fortaleza dos Templários, mas as maiores modificações verificam-se no reinado de D. João III (1521-1557). Arquitectos como João de Castilho e Diogo de Arruda procuraram exprimir o poder da Ordem construindo a igreja e os claustros com ricos floreados manuelinos que atingiram o máximo esplendor na janela da fachada ocidental.




Claustro dos Corvos


Antiga livraria junto aos Claustro dos Corvos

O Convento de Cristo trata-se de uma construção periurbana, implantada no alto de uma elevação sobranceira à planície onde se estende a cidade. Está circundado pelas muralhas do Castelo de Tomar e pela mata da cerca. A arquitectura partilha traços românicos, góticos, manuelinos, renascentistas, maneiristas e barrocos.



Claustro dos Corvos





Charola e nave séc. XII


O núcleo do mosteiro é a Charola do século XII, o Oratório dos Templários. Tal como em muitos dos seus templos, baseia-se na Rotunda do Santo Sepulcro de Jerusalém, adaptada pelo Infante D. Henrique. Em 1356, Tomar passou a ser a sede da Ordem de Cristo em Portugal, e a decoração da Charola reflecte a riqueza da Ordem. As pinturas e frescos (quase só cenas bíblicas do século XVI) e a estatuária dourada sob a cúpula bizantina, foram cuidadosamente restauradas. Quando foi construída a igreja manuelina, esta ficou ligada à Charola por uma arcada.


A Charola, poligonal, é o centro do conjunto de edificações, culminando-as visualmente. A norte e a este estão a Sacristia, os claustros do Cemitério e da Lavagem, as ruínas dos Paços, as Enfermarias e ainda a Sala dos Cavaleiros e a Botica.
A oeste, a igreja, os claustros e as dependências conventuais. A norte pontifica a Portaria Real, entre o corpo das Enfermarias e Hospedaria. A fachada sul está realçada pela arcaria do Aqueduto dos Pegões, apoiada numa plataforma rústica, que corresponde ao corpo do Claustro dos Corvos, Dormitórios e Claustro de D. João III.



Na catedral dos Bispos

No que diz respeito à planta da igreja, é composta por dois corpos diferentes: a Charola, actual capela-mor, e o corpo da nave, que se adapta ao desnível do terreno para oeste, onde possui três registos assentes num forte embasamento e marcados por frisos decorativos envolventes, com decoração naturalista emblemática manuelina. No interior, a nave é coberta por uma abóbada polinervada de combados de João de Castilho.




Cristo na Charola


Em relação aos claustros estes  são originalmente góticos, com estrutura de arcadas quebradas sobre colunas grupadas. Já a nave manuelina de espaço unificado está coberta com abóbada rebaixada. As janelas, frisos e platibandas têm corpo manuelino com decoração vegetalista, enquanto a planta do conjunto monacal quinhentista parece inspirar-se na do Ospedale Maggiore, em Milão.
Iniciado nos anos 50 do século XVI por João de Castilho e substituído em parte por Diogo Torralva, o Grande Claustro reflecte a paixão de D. João III pela arte italiana. Escadas em espiral ocultas nos cantos conduzem ao Terraço da Cera.



O Claustro da Lavagem é quadrangular de dois pisos; o Claustro do Cemitério é quadrangular, com um piso com cinco tramos por ala. Os claustros de João de Castilho: o Claustro da Micha é quadrangular com quatro alas, enquanto o dos Corvos é também quadrangular, mas com duas galerias de dupla arcada separadas por contrafortes. Por último, o Claustro de D. João III é ainda quadrado, com chanfros nos ângulos. O Refeitório é rectangular, com abóbada de berço com nervuras formando caixotões quadrados. O Dormitório está disposto em cruz, com dois grandes corredores. Existem ainda o Claustro da Hospedaria e o Claustro de Santa Bárbara, quadrado, com quatro arcos rebaixados por ala, sobre colunas de fuste liso, o Claustro dos Corvos, o único com jardim e o Claustro das necessárias.






A janela do Capítulo -
Imponente conjunto escultórico e arquitectónico, a Janela da Sala do Capítulo, inserida na fachada ocidental da igreja manuelina, foi executada por Diogo de Arruda, entre 1510 e 1513, segundo o programa iconológico definido pelo rei D. Manuel I. Símbolo de um período histórico que marca a expansão dos Portugueses para além das suas fronteiras, afirma-se hoje em dia como um dos mais excelsos exemplos da arte manuelina.


Janela do Capítulo estilo manuelino



Ex - Deputados no claustro junto às muralhas do Castelo


À saída da Charola

O Conjunto Monumental

Em suma, o Conjunto Monumental que o Convento de Cristo representa, começa com a construção do Castelo Templário em 1160, em simultâneo com a edificação da Charola, oratório templário, que se conclui no final do século XII. A casa-mãe Templária, no Reino de Portugal, permanecerá em Tomar cerca de 130 anos.

A extinção da Ordem do Templo, em 1312 dá origem, em Portugal, no reinado de D. Dinis, à Ordem de Cristo, que ocorrerá em 1319.

A Ordem de Cristo, herdeira dos bens, graças e privilégios, que haviam pertencido aos Templários, dá início a um dos períodos de ouro da nossa história, os Descobrimentos, que desencadeia o processo de abertura de Portugal ao mundo.

O Infante D. Henrique, o Navegador, manda construir em 1420, o seu Paço sobre parte da antiga casa militar templária e ampliar as instalações conventuais com dois novos claustros, o da Lavagem e o do Cemitério. Este Príncipe da Casa de Avis, também Administrador da Ordem de Cristo, aqui terá delineado a sua estratégia da Expansão, baseada nos conhecimentos e tecnologias herdados da Ordem do Templo.

D. Manuel I, Rei e Governador da Ordem de Cristo, beneficiando das riquezas de além-mar, que o início do século XVI ocasionara, renova o Convento de Tomar e inicia um discurso decorativo que celebra a mística da Ordem de Cristo e da Coroa Portuguesa numa grandiosa alegoria de poder e de fé.

D. João III, impõe a reforma da Ordem de Cristo, com a regra de clausura, ampliando o Convento de Tomar, de modo a albergar a comunidade de Frades, transformando-o numa sumptuosa obra de arquitectura, mais tarde rematada com o magnífico Aqueduto, que Filipe II de Espanha manda edificar.






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